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Rosana Jatobá

Brasil sofre epidemia de ansiedade potencializada pelo coronavírus

ECOA

02/04/2020 04h00

Eu não sei se em termos de Sustentabilidade o coronavirus é um inimigo ou um aliado.
De um lado, a ONU alerta que as consequências da pandemia de saúde combinadas com uma recessão global serão catastróficas para muitos países em desenvolvimento e impedirão o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um plano de ação com 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta.
De outro lado, esse ser invisível e onipresente chega de repente e impõe uma situação em que não há espaço para o egoísmo. As palavras da vez são empatia e consciência coletiva, pressupostos inadiáveis para um planeta sustentável. O vírus colocou todo mundo no mesmo barco. Quem é jovem tem medo de contrair a covid-19 e transmiti-la para pais e avós. Quem é de grupo de risco tem medo de adoecer e dar adeus. No fundo, a doença nos igualou.

A pandemia chegou para nos lembrar que somos frágeis, mas que se mantivermos essa mentalidade individualista e predatória, se não colocarmos o outro em primeiro lugar, o resultado pode ser ainda mais devastador. Enfim, só há um caminho para superarmos essa crise: lutando juntos e pensando nos outros, além de em nós mesmos. E a Sustentabilidade preconiza exatamente isso: uma nova forma de estar no mundo, na qual todos se sintam incluídos e possam desfrutar de maneira igualitária da abundância do planeta.

Mas como aproveitar a pandemia para criar esse novo lugar, melhor para todos? Não temos as respostas. Será que quando a pandemia passar a consciência colética estará ampliada o suficiente para mudar a rota de nossa sobrevivência? Tudo voltará ao velho paradigma? As previsões são tão incertas quanto a trajetória do vírus.

Mas uma arma valiosa, que já está no cotidiano de muita gente pode nos apontar o caminho: a meditação.

Com a "mente quieta, a espinha ereta e coração tranquilo", você está pronto para vivenciar um mundo cheio de possibilidades, de insights que estão latentes à espera de manifestação.

A meditação é uma prática ancestral da humanidade, que tem como objetivo reconhecer nossa verdadeira natureza para percebermos que não somos o nosso sistema de crenças, que podemos eliminar o medo existencial e sermos livres para se reinventar.

E nosso exército tem que estar atento e forte porque o coronavírus não age sozinho. Seu parceiro é ainda mais assustador porque quando se instala, paralisa. Falo da ansiedade, mal com o qual já estamos familiarizados. O Brasil sofre uma epidemia de ansiedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o País tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno.

A meditação também é um mergulho profundo no espaço interno, onde não há pensamentos, só um vazio pleno de paz. Nesse ambiente seguro, longe das aparências, dos egos e dos preconceitos, abandonamos as diferenças que só existem no plano físico. A meditação nos faz acessar o nível molecular e espiritual, no qual somos todos um e estamos conectados com a fonte universal primária. Quando começamos a entender completamente esse conceito de vida em unidade, a idéia de um eu pessoal cede lugar à imagem de um eu universal. O conceito de rivalidade desaparece e a cooperação é um substituto natural. Essa conexão permite sentimentos profundos de amor e empatia com todos e com tudo que nos rodeia.

A meditação traz bem estar para todos e é uma forma muito eficaz de contribuir para o desenvolvimento sustentável, pois trata da sustentabilidade interior. O primeiro ambiente que precisa de atenção é o nosso ambiente interno.

Então, não perca tempo! Feche os olhos agora mesmo, concentre-se na sua respiração para diminuir o fluxo incessante de pensamentos e silenciar a mente mais rápido. O divino que habita em cada um de nós vai soprar as respostas das quais precisamos para vencer essa guerra e reinventar nossa odisseia neste maravilhoso planeta.

Sobre a autora

Rosana Jatobá é advogada e jornalista, com mestrado em Gestão e Tecnologias Ambientais pela USP. Foi repórter e apresentadora de televisão, tendo trabalhado na Band, na Globo e na RedeTV!. Foi eleita a melhor jornalista de sustentabilidade em 2013 e em 2016 e venceu o Prêmio Chico Mendes como Personalidade Ambiental do ano de 2014. Atualmente é âncora na rádio CBN e comanda o portal Universo Jatobá. Também é autora do livro de crônicas "Questão de Pele" e da "Coleção Jatobá para Ecoalfabetizaçao e Atitudes Sustentáveis para Leigos".

Sobre o Blog

Abordando atitudes sustentáveis do nosso dia a dia, o blog mostra como podemos buscar a melhor integração com o meio ambiente. Com mudanças e adaptações inteligentes, podemos viver em um lugar natural e agradável, além de economizar dinheiro, contribuir para minimizar o impacto socioambiental e gerar uma cidade mais saudável para todos. Começa no âmbito pessoal a mudança que desejamos ver no mundo.